2022

As velas ardem até

June 28, 2022

001

Trabalho de Colaboração | Projeto da autoria de Daniel Oliveira, arq.

conservatorio

Ampliação do Conservatório de Música de Águeda, projecto inserido numa intervenção de maior escala com/em construções preexistentes.

“Do programa fazia ainda parte a construção de uma Sala Polivalente para satisfazer as necessidades espaciais e funcionais do Conservatório de Música de Águeda.
A exiguidade e a posição secundária do terreno disponível para a Sala Polivalente – nas traseiras face ao núcleo central do edificado preexistente -, e o facto de não ser desejável que essa ampliação ofuscasse a casa existente (Casa do Adro), potenciaram muita liberdade à composição e ao desenho da forma. A Sala Polivalente configurou-se em forma geométrica irregular e semienterrada. Na superfície, nas extremidades do volume construído desenharam-se dois volumes prismáticos vítreos transparentes que sinalizam duas entradas descendentes da Sala Polivalente que se situa abaixo. No período nocturno estes dois prismas funcionam como dois faróis que iluminam e pontuam o exterior. O espaço introvertido da Sala Polivalente, de forma geométrica irregular em planta e no recorte do tecto, de tratamento simples, quase minimal, é coroado por uma clarabóia que promove um inesperado e especial relacionamento com o exterior e com o zénite.

A luz solar, enquanto material sublime, gratuito e precioso para qualquer espaço habitável pelo homem, provoca nesta sala uma qualidade sensível, um carácter poético, quase espiritual e místico, concedendo-lhe outras dimensões e relacionando-o com a temporalidade.
A escavação, a forma de ‘gruta’ escavada, possibilitou o ‘desenho’ da luz e o controlo do aporte plástico daquele espaço. Assentou-se o labor projectual na geometria e na luz solar, com a crença que esse caminho essencial poderia dar acesso a uma ambiência meditativa e transcendente, epítome de uma simplicidade eloquente.

conservatorio 2

O volume da Sala Polivalente hipogeia, que em absoluto é telúrico, ‘brota’ do chão, como se fosse a materialização do mito organicista menos ortodoxo, e implanta-se (semienterrando-se) de modo a implicar o mínimo possível na paisagem e na envolvente construída preexistente. Só a cobertura piramidal de base irregular, poliédrica e enviesada – truncada no topo para abertura de uma clarabóia – se dá a ver, corporificando-se como um afloramento rochoso, como uma ‘acidente’ topográfico arquitectado ou como uma escultura pousada no jardim, um acontecimento de landscape art. A cobertura faz parte da imagética geológica ou topográfica, foi tratada como se de uma ‘rocha’, de um afloramento do terreno se tratasse, como se a ele pertencesse desde sempre. Integra-se de modo sereno, circunspecto e preciso no contexto.”

Excerto do texto retirado do paper publicado em Junho de 2020 em Researchgate.net da autoria do Prof. Doutor Daniel Oliveira.

DSCF5807
DSCF6071
DSCF6250
DSCF1735
DSCF6053

O cão que fuma

May 10, 2022

Desenho velho senhor

May 4, 2022

60AA04A3-91D0-4604-B918-A448D98333AA-852-0000006EF5C7EA59
DSCF1787