luis formiga

Melodia da fraqueza (letra)

Sabes companheiro, hoje acordei numa inquietude diferente,
Saí à rua para merecer, vestido de vencer.
Mas não havia nada para mim naquele lugar
Foi só mais uma tentativa de me abandonar.

Olho-te companheiro, tu que tens vencido tanto,
Nunca me lembro que só é vencedor que não tem medo de ganhar.
Nem o anseio assim tanto, mas vou a meio do caminho
E tu pareces ter as tuas coisas todas no lugar.

Ontem olhei-me ao espelho, o idiota do outro lado disse
Estás demasiado exausto para te importares com a felicidade?
É a melodia da minha fraqueza, não (saber) desistir das flores
Sou o que me falta.

Sabes companheiro, tenho tentado colocar-me no teu lugar,
Ás vezes esqueço-me que até tu, juntaste uma lágrima às tentações.
Enquanto a música te chegava aos poucos
como se alguém explicasse algo entre os refrões.

Perder o hábito de viver antes de ganhar o de pensar
E porque se transformou nele mesmo o mundo fugiu-me
Sabes companheiro que se foda esta vida,
Enquanto é a minha que lamento, e essa mesma que alimento.

Ontem olhei-me ao espelho o idiota do outro lado disse
Estás demasiado exausto para te importares com a felicidade?
Não desistir das flores, é a melodia da minha fraqueza
Sou o que me falta

Entre encontros e alguns copos de wisky fizemos umas gravações ao vivo com a banda, esta é a primeira, a música é tirada do álbum subnutridos com novos arranjos.
O Jorge Pandeirada está no moog e nas vozes, o Micael Lourenço nos pads e o Edward Alves a existir naquele esplendor habitual.
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Luis Formiga e Cabaret Malícia – Desculpa Noite (letra)

Devia ter percebido pelo tom daquele olá que vinhas para me fazer mal
Entre o ocaso e o triunfo de uma lua palidamente desanimada
Uma criança não pode viver assim, acordada, descontrolada

Ai eu sei lá o que é o amor
Ai eu sei lá se sei, o que é o amor.

O passado é só glória mal lembrada, o futuro, miséria declarada
E era tão fácil perceber que a canoa andava em círculos porque um de nós não remava
Amores que duram deixam os amantes tão exaustos

Desculpa noite, mas nós não podemos ser amigos, tu não me fazes bem.

Potencial não é realidade, se calhar sabia, a comida não descia, não cabia
Pendura-nos numa moldura, talvez te dê a recordação
Bela que cessas nos lençóis da manhã, embrulhada no sorriso da despreocupação

A aspirar viver em contratempo, por entre as batidas da solidão.
A fragilidade é medidor de coragem e berço da criação
Vou saber perder-te como um vencedor

Ai eu sei lá o que é o amor
Ai eu sei lá se sei, o que é o amor

Desculpa noite, mas nós não podemos ser amigos, tu não me fazes bem

March 15, 2023

quarta feira

Untitled

As velas ardem até

June 28, 2022

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Trabalho de Colaboração | Projeto da autoria de Daniel Oliveira, arq.

conservatorio

Ampliação do Conservatório de Música de Águeda, projecto inserido numa intervenção de maior escala com/em construções preexistentes.

“Do programa fazia ainda parte a construção de uma Sala Polivalente para satisfazer as necessidades espaciais e funcionais do Conservatório de Música de Águeda.
A exiguidade e a posição secundária do terreno disponível para a Sala Polivalente – nas traseiras face ao núcleo central do edificado preexistente -, e o facto de não ser desejável que essa ampliação ofuscasse a casa existente (Casa do Adro), potenciaram muita liberdade à composição e ao desenho da forma. A Sala Polivalente configurou-se em forma geométrica irregular e semienterrada. Na superfície, nas extremidades do volume construído desenharam-se dois volumes prismáticos vítreos transparentes que sinalizam duas entradas descendentes da Sala Polivalente que se situa abaixo. No período nocturno estes dois prismas funcionam como dois faróis que iluminam e pontuam o exterior. O espaço introvertido da Sala Polivalente, de forma geométrica irregular em planta e no recorte do tecto, de tratamento simples, quase minimal, é coroado por uma clarabóia que promove um inesperado e especial relacionamento com o exterior e com o zénite.

A luz solar, enquanto material sublime, gratuito e precioso para qualquer espaço habitável pelo homem, provoca nesta sala uma qualidade sensível, um carácter poético, quase espiritual e místico, concedendo-lhe outras dimensões e relacionando-o com a temporalidade.
A escavação, a forma de ‘gruta’ escavada, possibilitou o ‘desenho’ da luz e o controlo do aporte plástico daquele espaço. Assentou-se o labor projectual na geometria e na luz solar, com a crença que esse caminho essencial poderia dar acesso a uma ambiência meditativa e transcendente, epítome de uma simplicidade eloquente.

conservatorio 2

O volume da Sala Polivalente hipogeia, que em absoluto é telúrico, ‘brota’ do chão, como se fosse a materialização do mito organicista menos ortodoxo, e implanta-se (semienterrando-se) de modo a implicar o mínimo possível na paisagem e na envolvente construída preexistente. Só a cobertura piramidal de base irregular, poliédrica e enviesada – truncada no topo para abertura de uma clarabóia – se dá a ver, corporificando-se como um afloramento rochoso, como uma ‘acidente’ topográfico arquitectado ou como uma escultura pousada no jardim, um acontecimento de landscape art. A cobertura faz parte da imagética geológica ou topográfica, foi tratada como se de uma ‘rocha’, de um afloramento do terreno se tratasse, como se a ele pertencesse desde sempre. Integra-se de modo sereno, circunspecto e preciso no contexto.”

Excerto do texto retirado do paper publicado em Junho de 2020 em Researchgate.net da autoria do Prof. Doutor Daniel Oliveira.